sexta-feira, 11 de maio de 2012

A Doutrina da Predestinação em Calvino

Autor: Fred H. Klooster - Editora Socep (Sociedade Cristã Evangélica de Publicações)

Diz o autor que a doutrina da predestinação tem sido motivo de preocupação e aborrecimento para muitos, pois eles pensam que se Deus já decidiu desde toda a eternidade quem vai ser salvo ou não, o que se pode fazer para alterar isso? Outros consideram inaceitável essa doutrina por causa de sua aparente negação da liberdade humana. No entanto Calvino considera essa doutrina portadora de grandes benefícios práticos. Ele insistia em dizer que tal doutrina produz “doces frutos” aos cristãos, pois só aceitando essa doutrina pode o crente desfrutar de genuína segurança e conforto. Mas muitos se têm manifestado em desacordo com relação ao que Calvino queria dizer com seu ensino.

A carta de Paulo aos Romanos é o contexto da significativa discussão sobre a predestinação, aliás esta epístola é a fonte da doutrina da predestinação (eu, particularmente, acho que a Epístola aos Efésios também trás muito dessa doutrina). Calvino ensinava que a nossa salvação procede somente da mera generosidade de Deus e achava que essa doutrina deveria ser ensinada aberta e plenamente. Calvino dizia, também, que os que pensam em abolir a doutrina da eleição de Deus procuram excluir a salvação do mundo.

Ensinava Calvino que não há consideração mais apta para construirmos nossa fé do que ouvirmos a respeito desta eleição, que o Espírito de Deus testemunha em nossos corações estar firmada na eterna bondade de Deus e invulnerável a todas as tormentas do mundo, a todos os assédios do diabo e a toda vacilação da carne. Porque assim a nossa salvação está assegurada, uma vez que a sua causa está enraizada no coração de Deus.

Diz o autor que Calvino respondia a quem o acusava de ter dado origem a tal doutrina, que ele não era o autor já que Paulo a ensinou antes dele. E Calvino seguiu a Paulo quando falou tanto da eleição quando da reprovação, dizendo que no caso do eleito temos que considerar a misericórdia de Deus, e no caso do réprobo temos que reconhecer o Seu justo juízo.

Por que Deus elege algumas pessoas e não elege outras? Será por causa de suas boas obras? Ou será porque Ele reconhece ou prevê suas boas obras? Estas explicações não eram sustentáveis para Calvino, que negava que as boas obras ou o preconhecimento delas fosse a razão da eleição. Para Calvino, a primeira causa, a mais alta razão, o fundamento da eleição é o próprio Deus e Sua vontade soberana.

Calvino ensinava que ao se dizer aos efésios que os crentes daquela comunidade foram eleitos antes da fundação do mundo, Paulo eliminou toda a consideração de mérito humano. Paulo mesmo disse que Deus nos salvou e nos chamou com santa vocação não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça. Calvino conclui esse assunto - sobre a presciência de Deus a respeito de nossas boas obras como causa da eleição - dizendo que estamos todos perdidos em Adão e, portanto, se Deus não nos tivesse resgatado da perdição, por sua própria eleição, não haveria coisa alguma para ser prevista. Assim, a graça de Deus não descobre os escolhidos, mas prepara os que são escolhidos.

Calvino citava a afirmação de Jesus na qual Ele diz que “todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim, e o que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora”. Segundo Calvino, essa passagem nos ensina que todos os que vão a Cristo são antes dados a Ele pelo Pai e tais pessoas crêem em Jesus justamente porque Lhes foram dados pelo Pai, e Jesus é fiel a essa custódia, mantendo-os sob Sua guarda e proteção de modo que nenhum deles perecerá. Tais pessoas vagueiam pelo deserto comum a todos e não são diferentes de todos os outros, exceto pelo fato de serem protegidos pela graça especial de Deus e serem impedidos de se precipitarem para a ruína final.

Calvino também dizia que devemos evitar o erro de pensar que o homem é cooperador de Deus, ratificando a eleição por seu consentimento, visto que isso torna a vontade do homem superior à de Deus, e afirmava que a presença da verdadeira fé é o fundamento da nossa segurança na eleição. Ensinava Calvino que Deus emprega a chamada, a fé, a justificação e a santificação como meios para realizar a glorificação decretada deste a eternidade.

Refutando aqueles que diziam que a doutrina da predestinação remove todo o incentivo à atividade ética responsável, Calvino dizia que isso é uma insana blasfêmia, pois Paulo disse que “Deus nos elegeu para ser santos e irrepreensíveis diante dele”.

Ensinando que a causa da eleição é somente a vontade soberana de Deus, Calvino dizia que Deus é lei em Si mesmo, já que a vontade de Deus não só está livre de toda imperfeição, como se constituiu a mais alta regra de perfeição e é a lei de todas as leis. Por isso, só o fato de Deus querer algo já deve ser considerado justo. Calvino ensinava que a soberania de Deus nada deve aos seres humanos e estava convencido que a Escritura ensina que a vontade de Deus é a causa última de todas as coisas, e que Deus nunca decretou coisa alguma que não fosse pela mais justa causa.

Falando de salvos e nãos salvos, Calvino também citava Atos 13:48, que diz que aqueles foram destinados para a vida eterna, e citava Paulo, em Romanos 9:22, que dizia que aqueles eram vasos da ira, preparados para a perdição. Calvino dizia que onde você ouve a respeito da glória de Deus, pense na sua justiça, porque tudo o que merece louvor deve ser justo. Então, segundo ele, mesmo na destruição do ímpio, a glória de Deus se manifesta.

Para encerrar esse breve resumo sobre um assunto tão interessante, quero registrar que Calvino também dizia que os que medem a justiça de Deus pelos padrões humanos agem perversamente, e citava Romanos 9:20: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?”.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Título: Por que Prosperam os Ímpios? - Estudos no Salmo 73

Autor: D. M. Lloyd Jones

O autor diz no capítulo 1 que o grande valor do Livro de Salmos está em que nele temos homens justos expondo a sua experiência e nos dando um relato de coisas que lhes sucederam em sua vida e luta espiritual, com muitos ensinos que não se pode achar em nenhum outro lugar. O salmista conta a princípio que Deus é bom para com Israel e depois conta o que se passou com ele: estava vivendo uma vida piedosa e evitando o pecado, mas mesmo assim era afligido e castigado, enquanto os ímpios aumentam as suas riquezas sem problema algum, apesar de sua arrogância e blasfêmia. O autor ensina que de todos os nascidos de mulher somente Jesus Cristo não foi derrotado numa tentação, mostrando que no Salmo 73 o salmista chegou a dizer que invejava os arrogantes e agora se confessava envergonhado. Satanás vem como quem quer ser seu amigo, com sutileza, dizendo coisas assim: "você não acha que o que está fazendo é em vão, está gastando seu tempo em abnegação e orações, olhe para você e olhe para eles...”.

Diz o autor que o argumento da tentação é sempre aparentemente lógico, no entanto ser tentado desse modo não é pecado, pois não podemos controlar os pensamentos postos em nossas mentes pelo diabo. Até Jesus Cristo foi tentado mas venceu. Devemos fazer da tentação uma fonte de vitória e passar para uma posição mais forte que a inicial, até o ponto em que chegaremos à conclusão de que “Deus é bom para Israel”.

No capítulo 2 o autor demonstra que o salmista esteve tentado a dizer algo mas refreou-se, pois sabia que não devia falar precipitadamente (Tiago 1:9). Se ele falasse teria sido pedra de tropeço à geração dos filhos de Deus. Apesar de não entender o motivo daquele contraste entre ele e os ímpios, ele não falou nada, refreou sua língua. Por isso nunca devemos estar prontos para expressar as nossas dúvidas pois isso pode abalar a fé de muitos.

No capítulo 3 o autor diz que toda a essência da dificuldade do salmista é que ele estivera antes pensando racionalmente em vez de espiritualmente, e a vida cristã é toda espiritual e não apenas parte dela. Quando nos queixamos de que o que nos está acontecendo não é justo, estamos pensando racionalmente e rebaixando Deus para o nosso nível de entendimento. Não adianta orar se não aprendermos a pensar espiritualmente.

No capítulo 4 o autor diz que o fato do salmista ter ido no santuário (Igreja) colocou os pensamentos dele no lugar certo, aí foi-lhe dado entendimento e ele diz “entendi”. O autor critica Igrejas que cantam muito, o que chama de entretenimento espiritual, e oram pouco e não lêem a Bíblia. Enquanto agia assim o salmista só via a prosperidade dos ímpios, mas depois ele disse: “então entendi o fim deles”.

No capítulo 5 o autor diz que a Bíblia nos mostra a história real, na qual Deus sempre se sobressai sobre seus inimigos. Todos os poderes que tentaram exterminar com o cristianismo acabaram mal. Os ímpios, apesar da pompa aparente, estão em situação precária e perigosa, “em lugares escorregadios”, tudo para eles é temporário. A velhice, a decadência, a morte e o juízo são inevitáveis, mas o pecado cega os homens a respeito disso, eles não percebem que a sua glória é por pouco tempo. O salmista não só deixou de invejar os ímpios “bem sucedidos”, mas passou a ter pena deles.

Ensina o autor que nunca devemos arguir a justiça de Deus, esteja nos acontecendo o que quer que seja. Crê o autor que Deus permite que o mal e os malfeitores dêem seu próprio salto para tornar sua ruína completa e que a história bíblica é uma exposição desse princípio.

No capítulo 6 o autor diz que a causa de tudo é o nosso ego, nosso mais constante inimigo, pois como resultado da queda somos egocêntricos, sensíveis quanto a nós mesmos e sempre prontos a dizer que fomos prejudicados ou maltratados. Se o ego assume o controle, o coração controla a cabeça, e o salmista chegou a dizer: “era como animal perante ti”. Mas Deus pode purificar o coração e santificar a alma, e renovar em nós um espírito reto.

No capítulo 7 o autor diz que não gostamos de fazer nada que nos seja penoso. É um estado muito triste quando o coração governa a mente, pois a capacidade de raciocinar é que diferencia os homens dos animais. Também a criança reage aos estímulos como um animal. Quão lentos somos para agradecer e quão rápidos para resmungar, esquecendo-nos de que é através de muitas tribulações que nos importa entrar no reino de Deus.

No capítulo 8 o autor ensina que quando o salmista diz “todavia”, ele começa a caminhar em direção a Deus novamente. Diz o autor que somos salvos inteiramente pela graça de Deus, não há contribuição humana de espécie nenhuma e se pensamos que há estamos negando a Bíblia. O cristão entende que apesar de não merecer Deus o perdoou. O cristão cai, mas nunca fica prostrado, pois o Senhor o sustem com sua mão (Salmo 37:24). Esse entendimento, segundo penso, é o mesmo de Calvino, leia o livro A Doutrina da Predestinação em Calvino, que pretendo resumir neste blog em breve.

No capítulo 9 o autor fala da perseverança final dos santos, dizendo que Deus é incapaz de deixar alguma coisa feita pela metade. Se fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho sendo ainda inimigos, por que Ele iria nos deixar agora? Tendo feito o maior deixaria Deus de fazer o menor? Se uma pessoa é participante da natureza divina e se uniu a Cristo, não pode haver rompimento.

No capítulo 10 o autor diz que finalmente o salmista atingiu o grau máximo de sua ascensão, entregando-se ao culto e adoração a Deus. Se desejamos vários tipos de bênçãos e oramos pedindo-as podemos às vezes estar insultando a Deus, porque damos a entender que não estamos interessados Nele e sim no fato de que Ele pode nos dar estas bênçãos. A maior bênção de todas é conhecer a Deus e estar na sua presença. O que almejamos? O repouso, a paz e a alegria celestes? Não é isso que devemos aspirar no céu, mas a face de Deus. No início o salmista queria ser como os ímpios e possuir as coisas que eles possuíam, mas agora ele diz: “Na terra não há quem eu deseje além de ti”. Ele acha agora completa satisfação em Deus.

No último capítulo, 11, o autor diz que se estamos perto de Deus não importa o que aconteça, mas se estamos longe nada pode dar certo no final. Diz o autor que os moinhos de Deus moem lentamente, mas moem extraordinariamente fino. Essa é a mensagem da Bíblia do princípio ao fim. E conclui que se o inferno estiver solto, não nos poderá tocar se estamos perto de Deus.

Esse livro é muito bom, o resumo que fiz pode dar uma idéia do seu ensinamento, mas é claro que a leitura completa é muito melhor.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Título: Oração a Chave do Avivamento

Autores: Paul Y. Cho e R. Whitneu Manzano - Editora Betânia

Esse é um dos livros mais importantes que eu li no que concerne à vida cristã prática. Já no prefácio os autores enfatizam a necessidade da oração e dão seu testemunho de que reunião de oração em sua Igreja, na Coréia, tem início às 5 horas da manhã e dura de uma a duas horas. Afirmam que às sextas-feiras passam a noite toda em oração e por esse motivo eles têm a poderosa presença de Deus nas reuniões, o que faz com que as pessoas sejam convencidas do pecado pelo Espírito Santo. Afirmam os autores que os pastores que os visitam ficam admirados com o poder do Espírito Santo que sentem em seus cultos e que certo pastor americano afirmou que nunca sentiu o poder de Deus em tamanha intensidade.

Gostei da parte em que o pastor Paul fala de sua comunhão com Deus em oração, dizendo que acorda entre 4:30 e 5:00 horas da manhã e começa seu momento devocional louvando e agradecendo a Deus pela grande bênção que Ele significa em sua vida, e também O louva por tudo que tem feito por sua família, afirmando que esse momento é bastante longo pois ele tem muita coisa para agradecer. Depois passa a interceder pelas pessoas, orando pelo presidente da república e outras autoridades do governo, pedindo que o anjo do Senhor proteja o país das forças satânicas que desejam destruí-lo. Depois ele se lembra de seus colegas na obra de Deus, etc. Afirma ele que antes de subir ao púlpito para pregar tem que passar pelo menos duas horas em oração. Os autores estão convencidos que esse mesmo tipo de avivamento pode ocorrer em todas as igrejas do mundo, já que para eles não existe campo difícil para o Espírito Santo nem países fechados para o evangelho: O segredo de tudo é a oração.

Os autores dizem que para uma pessoa orar, precisa aprender a querer orar e para tanto é necessário cultivar um grande desejo de orar. Dizem que na Coréia é muito fácil pregar o evangelho porque o céu está aberto, ou seja, há uma atmosfera espiritual pura por causa da oração. Assim, os milagres acontecem, cegos enxergam, aleijados caminham, etc.

Também achei interessante a afirmação de que Deus não tem predileção por nenhum filho, todos podemos ter poder através da oração. Não menos interessante é a afirmação de que o diabo nunca se preocupou com os rituais da igreja, mas ele tem medo da oração genuína.

O pastor Paul diz que precisamos aprender a conhecer o Espírito Santo e trabalhar com Ele. Diz que pensava que o Espírito Santo era apenas uma experiência da vida cristã e não uma personalidade, mas após muito tempo de oração aprendeu a conhecê-lo e essa comunhão tem sido vital em sua vida pessoal. Afirma que não poderia viver sem a doce presença do Espírito Santo, com a qual está agora familiarizado.

Diz o autor que se ainda não experimentamos essa comunhão com Deus, devemos começar imediatamente. Ele ensina que devemos começar pedindo ao Espírito Santo que faça a presença de Jesus Cristo tornar-se bem real para nós, depois devemos pedir que Ele nos dê uma nova compreensão de Sua Palavra e finalmente que nos coloque em uma nova dimensão de comunhão com Deus.

Diz, ainda, que a oração aguça nossa compreensão espiritual em todas as áreas da nossa vida e que só aprendemos a atuar bem com nosso dom depois que aprendemos a orar, pois cada um de nós recebeu um dom espiritual e precisamos aprender a pô-lo em prática e o meio pelo qual aprendemos é a oração. Ensinam os autores que há três tipos de oração:

ORAÇÃO DE PETIÇÃO: Embora seja verdade que Deus sabe tudo, não podemos ter a atitude de que pedir não é necessário, temos que pedir com fé.
ORAÇÃO DE DEVOÇÃO: Se ainda não possuímos uma vida espiritual vibrante é porque ainda não aprendemos a orar e louvar a Deus, pois orar não é apenas pedir.
ORAÇÃO DE INTERCESSÃO: Nesse caso participamos da compaixão de Cristo por uma pessoa, uma circunstância ou uma necessidade, pois somos o sal da terra e pela intercessão o crente passa a exercer sua função sacerdotal.

Perguntam os autores o que não poderão fazer centenas de milhares de crentes unidos em oração, pois o poder aí exercitado ultrapassa a nossa compreensão.

Depois os autores falam sobre o jejum, quando a pessoa se abstém de alimentos sólidos e em algumas ocasiões se abstém também de água por curto período de tempo. Quando jejuamos Deus vê nossa sinceridade em nos humilharmos voluntariamente. Para andar no poder do Espírito Santo é necessário jejuar e orar, assim o crente se torna mais sensível em relação a Deus e passa a ter mais poder para combater as forças de Satanás.

Também ensinam os autores que a fé é o ingrediente especial que confere poder à oração, pois se orarmos sem fé estaremos apenas produzindo ruídos que não passam do teto. Ensinam também que é necessário que permaneçamos em oração até termos certeza que Deus nos ouviu e que a resposta já está a caminho.

Outro ponto interessante é a afirmação de que Deus não atende a lamúrias, atende à fé, portanto devemos nos libertar de nossa auto-piedade e passar a agir com fé, pois quem ora com fé irá louvar a Deus pela resposta antes mesmo de a ver.

Falam os autores sobre a importância da oração em grupo, pois o poder da fé aumenta em proporções geométricas, mas ressaltam o perigo da incredulidade de alguns no meio do grupo.

Na conclusão, os autores dizem que devemos nos preparar para ser usados por Deus como voluntários do exército de oração e assim devemos interceder sempre, jejuando e orando. E terminam com esta belíssima oração: “Espírito Santo, enche-me agora de Teu poder. Faze-me desejar uma vida de oração. Faze-me ver a situação de grande necessidade que há no mundo, para que eu me torne um voluntário de Teu exército de oração. Peço isto em Nome de Jesus Cristo. Amém”.